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21 julho 25 Norte

Avenida Nun’Álvares em debate: mesa-redonda promove reflexão aberta sobre a cidade em transformação

No passado dia 21 de julho, a Secção Regional Norte da Ordem dos Arquitectos acolheu, na sua sede, a mesa-redonda “Avenida Nun’Álvares – cidade e transformação urbana”, uma iniciativa que reuniu um painel de especialistas para refletir sobre um dos projetos urbanos mais relevantes atualmente em curso na cidade do Porto.

A sessão foi aberta pelas intervenções da Arq.ª Andreia Oliveira e do Arq.º Avelino Oliveira, presidentes dos Conselhos Diretivos Regional Norte e Nacional, respetivamente, que reafirmaram o papel da Ordem dos Arquitectos como espaço de debate plural, técnico e informado, sem tomada de posição sobre soluções urbanísticas concretas.

Aberta a mesa-redonda pela moderadora, Arq.ª Susana Hermenegildo, Vogal do Conselho Diretivo Regional Norte, seguiu-se a apresentação do projeto pelo Arq.º Pedro Baganha, Vereador do Urbanismo, que enquadrou a proposta da nova avenida no contexto da UOPG1 do Plano Diretor Municipal, sublinhando os critérios de planeamento, as fases de discussão pública, os princípios de mobilidade e as cedências previstas ao domínio público.

Na reflexão que se seguiu, o Professor Doutor Fernando Brandão Alves destacou a importância de enquadrar a construção em altura numa estratégia urbana coerente, recordando exemplos portuenses de edificação marcante bem integrada, como o edifício de Santo António (Foco), o Hotel Dom Henrique ou a Casa da Música. Considerou que, desde que acompanhadas por exigência arquitetónica, as torres propostas poderão vir a desempenhar um papel estruturante no território urbano.

O Arq.º Tomás Allen chamou a atenção para a necessidade de aprofundamento técnico da proposta, sobretudo no que diz respeito à mobilidade. Sublinhou que um aumento populacional estimado em 4.000 a 5.000 pessoas exigirá soluções mais robustas do que a simples implementação de uma faixa BUS, sugerindo a possível ligação com o sistema BRT (Bus Rapid Transit) da Avenida da Boavista. Apontou ainda críticas ao desenho viário, nomeadamente à largura dos passeios e à proximidade entre ciclovia e circulação automóvel, defendendo um projeto mais ambicioso e melhor adaptado às exigências do espaço público.

Já o Professor Doutor Paulo Farinha Marques avaliou a proposta sob a perspetiva da estrutura ecológica e paisagística, realçando o potencial da avenida para integrar árvores de grande porte e espaços de sombreamento. Considerou o projeto bem estruturado, mas alertou para a baixa densidade demográfica e para o risco de reforço de uma lógica de exclusividade social. Defendeu ainda a ampliação das margens de proteção das ribeiras, de forma a garantir o equilíbrio ambiental e a sustentabilidade hidrológica da intervenção.

O Arq.º Luís Soares Carneiro destacou a importância de colmatar o vazio urbano existente e de garantir uma densificação qualificada, com continuidade morfológica entre zonas até agora desconectadas. Relativamente às torres projetadas, rejeitou leituras alarmistas, lembrando que estruturas de grande altura já existem na freguesia de Aldoar, e sublinhou que a qualidade do projeto não pode ser aferida apenas pelo nome do arquiteto. Considerou fundamental conhecer o desenho de pormenor das edificações propostas, nomeadamente a sua relação com o espaço público e com o tecido urbano envolvente.

O debate foi posteriormente aberto à assembleia, permitindo o envolvimento direto do público e a partilha de diferentes perspetivas sobre a proposta e o modelo de cidade em discussão. A sessão encerrou com o reforço do compromisso da Ordem dos Arquitectos em continuar a promover espaços de diálogo, partilha crítica e valorização da arquitetura enquanto instrumento de interesse público.

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