Cantaria e Silharia

A Cantaria (do latim canthus, que significa “aresta”) como ofício, consiste na preparação e transformação da pedra para fins construtivos estruturais ou decorativos. A Silharia (de silhar, pedra lavrada e quadrangular) significa a obra de corte e revestimento de superfícies com pedra. A Silharia (ou Enxilharia) era muito utilizada na construção de paredes grossas estruturais de alvenaria mista; chamava-se, aos prismas de pedra que a compunham, silhares ou enxilhares.

Desde os princípios da história da Humanidade que a prática da arquitetura explora todas as possibilidades construtivas através do esculpir, aparelhar, erigir e soterrar a pedra. No entanto, devido à eclosão do Movimento Moderno e da consequente simplificação das composições formais da arquitetura, a arte tradicional da Cantaria deixou de ser requisitada com a frequência habitual.

Para exercer a prática da Cantaria, os mestres canteiros têm de adquirir um profundo conhecimento sobre estereotomia e sobre as técnicas de corte e desbaste das pedras. Aos cortes das pedras de cantaria, tecnicamente, chamam-se espessos. Diz-se espessar uma pedra. As várias peças de cantaria são extraídas de blocos ou prismas retangulares de pedra que vêm das pedreiras apenas serrados. Para transformar ou aparelhar a pedra são utilizados vários instrumentos — réguas e esquadros de madeira, compassos, moldes, escodas, escopros, cinzéis, etc.

São atividades do ofício de canteiro: esculpir a pedra (bidimensional e tridimensionalmente), talhar (espessar) blocos e lajes de pedra, desbastar e alisar a pedra manualmente, fazer a manutenção de alvenarias de pedra, escolher as pedras mais adequadas para determinada aplicação ou utilização, produzir ombreiras, vergas, soleiras, peitoris e lambris ou fazer gravações na pedra.

As pedras mais utilizadas em obras de Cantaria no setor da construção são, principalmente, o granito e o lioz, entre outras pedras naturais. Os tipos de acabamento são inúmeros e cada um confere à pedra uma leitura e qualidade de utilização específica. Os acabamentos mais comuns da pedra são: natural ou clivado, amaciado, bujardado, escacilhado, escovado, flamejado, jateado a areia manual ou mecânico, polido, riscado ou serrado.

As várias peças de cantaria são extraídas de blocos ou prismas retangulares de pedra que vêm das pedreiras apenas serrados.

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O primeiro passo na escolha da pedra correta para um determinado elemento arquitetónico deve ser o reconhecimento e a análise das vantagens e das desvantagens dos diferentes tipos de pedras existentes, preferencialmente na região onde é executada a obra.

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Oficina de cantaria e trabalho da pedra.

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Placas de pedra serradas. A serração pode ser executada ainda na pedreira mas algumas oficinas de cantaria optam por investir em equipamento que lhes permita comprar os blocos de pedra em bruto, serrando-os posteriormente nas suas instalações, em função da necessidade e procura.

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Depois de selecionadas, as placas de pedra começam por ser serradas nas dimensões previamente definidas, em função da encomenda a produzir. Este processo exige a utilização contínua de água corrente para evitar o sobreaquecimento no contacto entre a serra e a pedra.

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Depois de serradas, as placas são grosseiramente polidas para homogeneizar a sua superfície. Serão, em seguida, redirecionadas para o acabamento final ou para um tratamento mais minucioso em função das especificidades da encomenda.

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Maquinaria utilizada para transporte das placas de pedra na oficina.

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Para produzir peças com mais detalhes, por exemplo, com declives de escoamento, pode ser necessário fazer marcações de referência, a grafite, para orientar o trabalho de desbaste da pedra.

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Peças monolíticas, como lavatórios ou pias, são produzidas por desbaste de blocos de pedra. Inicialmente, o desbaste é mais grosseiro e despreocupado, mas os acabamentos finais são executados com ferramentas de grande precisão.

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O trabalho da pedra permite ainda executar elementos mais pormenorizados e complexos, de carácter ornamental ou simbólico. A pedra começa por ser esculpida com ferramentas eficazes mas sem precisão e, à medida que se começa a atingir a forma final, é necessário utilizar-se ponteiras cada vez mais pequenas e precisas.

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