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O próximo número da Revista Intersecções, editada pela Secção Regional de Lisboa e Vale do Tejo, destaca o centenário Prémio Valmor e Municipal de Arquitetura (que por estes dias decide a atribuição do prémio às obras dos anos 2021-2024, com a presença do presidente da OASRLVT, Pedro Novo, no júri). Partilhamos o editorial da Revista, escrito pelo arquiteto André David.

Por ANDRÉ DAVID, Arquiteto | Vogal do Conselho Diretivo da Secção Regional de Lisboa e Vale do Tejo da Ordem dos Arquitectos

Compreender o Prémio Valmor e a sua evolução é procurar compreender desde a sua origem a própria arquitectura e a evolução da cidade de Lisboa, em que os seus limites definem o território onde o Prémio pode ser atribuído e cujo crescimento e desenvolvimento proveniente da sua origem que data a 1902 nos permite entender algumas das características das obras, do pensamento humano, das escolhas das suas implantações, e do modo como foram evoluindo durante o tempo e vivências da cidade.

Este Prémio fora deixado em testamento redigido em 1987, onde se especificavam claramente as indicações pretendidas pelo visconde de Valmor para o Prémio, que, foi com sensibilidade de responder, o mais fielmente possível, às disposições testamentárias do visconde de Valmor que a Câmara de Lisboa aprovou, em sessão de 23 de Dezembro de 1902, o primeiro regulamento do Prémio que previa que fosse anualmente nomeado um júri de três membros, diplomados em arquitectura, nomeados pela Câmara Municipal de Lisboa, pela Sociedade dos Architectos Portuguezes e pela então Academia Real de Belas-Artes.

O Prémio Valmor enquanto intervenção crítica procura responder a uma investigação de uma abordagem destas obras quanto ao modo como algumas delas se posicionaram face a uma leitura crítica da cidade, dos sítios ou dos programas a que tiveram que responder, sobretudo à vanguarda da arquitectura e dos seus sistemas construtivos que resultam em modernidade e contemporaneidade.

O Prémio Valmor, uma das mais prestigiadas distinções na área da arquitectura em Portugal, elogia a excelência e a inovação no campo da arquitectura, destacando projectos que não apenas de cariz estético, mas também dialogam com a cultura e a história do país, criando urbanidade. Instituído em 1902, o prémio tem sido um baluarte da arquitectura nacional, reconhecendo obras que se destacam pela qualidade estética, funcionalidade e integração no contexto.

Nos últimos anos, o Prémio Valmor tem-se adaptado aos desafios contemporâneos, reflectindo uma crescente sensibilidade com a sustentabilidade e a inclusão social. As obras premiadas não são apenas marcos de arquitectura, mas também testemunhos de um compromisso com o desenvolvimento sustentável e o bem-estar da comunidade. Essa evolução é essencial para o desenho de cidade num momento em que as cidades enfrentam o cumprimento de metas de poluição zero, o aquecimento global e a necessidade de espaços urbanos mais inclusivos.

As edições recentes do prémio têm destacado projectos que vão além da mera construção, propondo soluções que melhoram a qualidade de vida dos cidadãos. Exemplos de espaços públicos revitalizados, habitação acessível e intervenções que respeitam o património histórico são cada vez mais comuns entre os concorrentes e premiados. Isso demonstra uma mudança de paradigma na arquitectura portuguesa, onde o foco não está apenas na estética, mas também na funcionalidade e no impacto social das obras e isso é arquitectura.

Além disso, o Prémio Valmor serve como uma plataforma para novos talentos, incentivando jovens arquitectos a apresentar as suas abordagens através de obras construídas.

Essa renovação é crucial para o futuro da arquitectura em Portugal, garantindo que novas ideias e abordagens possam emergir e serem reconhecidas com mérito e excelência, contribuindo para um panorama arquitectónico dinâmico e diversificado.

É importante ressaltar que o impacto do Prémio Valmor vai além dos limites de Portugal. Ao reconhecer e promover a arquitectura portuguesa, o prémio ajuda a projetar o país no cenário internacional, posicionando-o como um espaço de criatividade e inovação.

As obras premiadas cativam frequentemente a atenção de críticos e profissionais de todo o mundo, colocando Portugal na rota dos grandes debates sobre arquitectura contemporânea.

O Prémio Valmor é mais do que uma simples premiação; é um reflexo do desenvolvimento cultural e social de Portugal. Ao celebrar a qualidade da arquitectura, o prémio não só honra os profissionais do sector, mas também enriquece a experiência urbana dos cidadãos, contribuindo para um futuro mais sustentável e harmonioso que se reflecte no desenho da cidade.

Que as próximas edições continuem a inspirar e a promover obras que façam a diferença na cidade de Lisboa e na vida das pessoas e que seja o cultivo e inspiração para valorização da arquitectura noutras cidades do país.

Este texto não segue o Acordo Ortográfico.