Cortiça

A cortiça (do latim (corticĕa) é um material natural e renovável resultante do crescimento da casca do tronco de sobreiro (espécie protegida em Portugal desde 2001), uma árvore da família da azinheira que cresce, principalmente, no Sul da Europa e no Norte de África. Em Portugal, o maior produtor de cortiça a nível mundial, encontramos sobreiros (espécie dominante), azinheiras, carvalhos, pinheiros mansos e pinheiros-bravos nos chamados “montados de sobro” situados no Ribatejo e no Alentejo.

Sabe-se que a cortiça é usada como matéria-prima na região mediterrânica, desde a Pré-História. A sua produção faz-se a partir da camada exterior que envolve o tronco do sobreiro, designada “crosta”, que só deve ser extraída de árvores com mais de vinte e cinco anos. É um material muito leve, elástico, durável, hidrófugo, ignífugo, funciona como um bom isolante termo-acústico e, pelo seu tipo de estrutura celular, permite a retenção de CO2. Na sua composição química encontra-se suberina e lenhina mas também polissacáridos (celulose, ceras, etc.), ceróides e taninos.

A extração da cortiça (descortiçamento) é executada, de forma manual, entre Maio e Agosto, a cada nove anos — o tempo necessário para a regeneração do tronco —, e todo o processo acontece sem que a árvore seja danificada ou abatida para poder voltar a ser descortiçada. Considera-se que a idade média produtiva de um sobreiro seja cerca de 200 anos, podendo uma árvore sofrer aproximadamente 17 processos de descortiçamento. Cada árvore, depois de descortiçada, é marcada com o último algarismo do ano em que o processo ocorreu. Com a existência de humidade no ar torna-se mais difícil separar a cortiça do tronco do sobreiro, sendo, por esse facto, muito mais provável danificar a árvore. No entanto, a qualidade da cortiça depende da ocorrência de uma quantidade considerável de precipitação durante o ano em que ocorre o descortiçamento.

As fases para a transformação industrial da cortiça são: a extração, o armazenamento e a secagem natural, a peneira e depuração, a granulação e, por último, a aglomeração da cortiça em formatos pré-definidos. Neste trajeto da cortiça, desde a extração até à chegada às indústrias de transformação e de distribuição, decorre num longo processo de amostragem e testagem laboratorial para se chegar a acordo quanto ao valor a atribuir por cada arroba. Uma arroba, unidade de medida ainda utilizada, equivale a cerca de 15 kg.

A cortiça retirada do tronco principal é geralmente moída, obtendo-se granulados claros de diferentes granulometrias, que quando misturados com resinas ou outros materiais aglutinantes podem ser transformados e utilizados em produção de rolha, mas também em pavimentos e isolamentos térmicos e acústicos. A cortiça extraída das ramificações superiores é menos espessa e denomina-se falca. Esta é também moída e, por ação de água a altas temperaturas, é expandida ganhando a forma de blocos de aglomerado negro. Estes blocos podem ser serrados nas espessuras desejadas consoante sejam utilizados como isolamento térmico, em revestimentos interiores e exteriores mas podem também ser trabalhados com máquinas CNC para a obtenção de efeitos tridimensionais, comumente utilizados em peças de mobiliário.

Atualmente, as suas utilizações são muito diversas desde a produção de rolhas para o setor vinícola à sua integração no fabrico de instrumentos musicais. No setor da construção civil, a cortiça é utilizada em granulado, em placas ou em rolo, em revestimentos (aglomerados, linóleos, etc.), como isolamento termo-acústico (painéis sanduíche, etc.) ou ainda como componente coadjuvante de sistemas construtivos como por exemplo, no betão leve, correntemente, utilizado no aligeiramento de lajes, no enchimento de paredes, no isolamento térmico e acústico de lajes de esteira, no isolamento térmico de coberturas em terraços e na correção acústica de pavimentos e paredes.

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Sabe-se que a cortiça é usada como matéria-prima na região mediterrânica, desde a Pré-História.

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Processo de extração da cortiça. Deve ser executado em tempo quente e seco, por equipas especializadas que asseguram a correta técnica de descortiçamento sem ferir o tronco das árvores.

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Os sobreiros podem ser descortiçados de 9 em 9 anos. A quantidade de cortiça a extrair por cada equipa é previamente acordada entre o proprietário dos sobreiros e o comprador e é calculada em arrobas, uma unidade de medida de peso que equivale a cerca de 15 kg.

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Armazenamento de cortiça. O processo de extração demora vários dias, pelo que o material extraído é diariamente transportado e armazenado num terreno de fácil acesso, ao ar livre, até ser atingida a quantidade de cortiça previamente acordada com o comprador.

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Se as condições meteorológicas forem favoráveis, conseguem extrair-se do tronco principal do sobreiro peças de cortiça de vários metros de comprimento. Esta cortiça, de tonalidade clara e amarelada, é utilizada para diversos fins, como a produção de rolha ou rolo para isolamento acústico de pavimentos.

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Para a maior parte das utilizações da cortiça é necessário que esta passe por vários processos de peneira e de moagem, com o objetivo de obter a granulometria certa para depois ser transformada.

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Maquinaria utilizada para produção de blocos de aglomerado negro de cortiça.

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O aglomerado negro de cortiça obtém-se pela transformação da cortiça extraída dos ramos superiores do sobreiro. Depois do processo de peneira e moagem é colocado em formas e submetido à ação de água a elevadas temperaturas. Assim, os grãos de cortiça expandem e unem-se graças às resinas naturais da cortiça, formando blocos.

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Processo de arrefecimento dos blocos de aglomerado negro.

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Os blocos de aglomerado negro de cortiça oferecem várias possibilidades de utilização, como isolamento térmico em paredes duplas, revestimentos interiores e exteriores pavimentos ou tetos. Assim, e em função da utilização, os blocos são serrados na espessura desejada.

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