Pesquisa

O membro n.º 2699 da Ordem dos Arquitectos (OA) completa hoje 90 anos. 
Nesta data, a OA envia os seus fortes parabéns ao arquiteto cujo percurso profissional, político e cívico foi distinguido e celebrado por muitos, desde que obteve o seu diploma na Escola Superior de Belas-Artes do Porto (ESBAP) em 1960.

Sob proposta da OA, foi-lhe atribuído, pela União Internacional dos Arquitectos, em 2005, o Prémio Sir Patrick Abercrombie, tendo o Júri destacado «a importância do seu contributo para o planeamento urbanístico em momentos-chave da história do seu país, em que a sua preocupação com o bem-estar social desempenhou um papel preponderante».

Membro honorário da OA desde 2010, integrou a Comissão Instaladora do Colégio de Especialidade de Urbanismo sendo o seu primeiro membro. Exerceu o cargo de Presidente da Mesa da Assembleia na sequência das primeiras eleições do Colégio em 2012.

No ano de 2017, a 3 de julho, no Palácio da Ajuda, foi sob o seu perfil exemplar e na sua presença que comemorámos o Dia Nacional do Arquitecto.

Foi colaborador de Nuno Teotónio Pereira no Atelier da Rua da Alegria de 1957 a 1974, ano em que assume o cargo de Secretário de Estado da Habitação e Urbanismo (1974-1975), procedendo ao lançamento do SAAL – Serviço de Apoio Ambulatório Local, um programa estatal com o objetivo de atender às necessidades habitacionais de populações desfavorecidas no país que veio a tornar-se uma referência impar na história da arquitetura nacional e até internacional em termos de participação popular em processos de desenho habitacional e urbano.

Foi investigador do Laboratório Nacional de Engenharia Civil entre 1963 e 1981, onde fundou o Núcleo de Pesquisa de Arquitetura, Habitação e Urbanismo (1965).

Exerceu crítica de Arquitetura em várias revistas portuguesas e estrangeiras, tendo recebido o Prémio Fundação Calouste Gulbenkian de crítica de Arte em 1965. Dirigiu, de 1958 a 1970, a revista «Arquitectura». Publicou, em 1984, «Portogallo Architettura 1965-1990».

Entre 1980 e 1983 foi coordenador do planeamento intermunicipal de Madrid – área metropolitana e foi consultor de vários planos de ordenamento urbanístico em Portugal e Espanha.

Foi consultor das Nações Unidas e da União Europeia tendo também colaborado com a República de Cabo Verde na preparação da sua primeira legislação urbanística. Foi eleito vereador da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia (1989-1994) e membro da Assembleia Municipal de Vila Viçosa.

Sobre a luta pela conquista dos direitos do arquiteto, Nuno Portas deixou o repto no Jornal Arquitectos:

UMA OUTRA PRAXIS PARA UMA “NOVA” CLASSE
«(…) A luta pela conquista dos direitos do arquitecto a arquitectar tem de ser firme, mas cautelosa e progressiva: o êxito dessa luta depende, antes de mais, de nós próprios como grupo. Depende de sabermos criar a evidência, perante um público mais largo, ainda que impreparado, de que a nossa maioria de profissionais – e não só o pequeno grupo de notáveis – pode oferecer serviços que outros só por excepção oferecerão e em condições de custo correspondentes aos benefícios que este serviço mais qualificado trará aos utentes. (…) Muita coisa terá de mudar se quisermos legitimar a nossa reivindicação de que o arquitecto, enquanto agente cultural, é imprescindível ao desenvolvimento social das comunidades.»
in Jornal Arquitectos, n.º 46, Lisboa, Abr. 1986, p. 7.