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A Ordem dos Arquitectos, no âmbito das comemorações do Dia Mundial de Arquitetura 2025, organizou a cerimónia de atribuição da outorga de Membro Honorário da Ordem dos Arquitectos, que decorreu no auditório Nuno Teotónio Pereira, na sede nacional da Ordem em Lisboa, no passado dia 29 de outubro, tendo homenageado, entre diversos arquitetos e instituições culturais, o Arquiteto Eduardo Read Teixeira, a título póstumo.

Maria Madalena, filha de Read Teixeira, marcou presença e, na sua intervenção, referiu que “a sua maior alegria [do seu pai] era o reconhecimento pela obra feita. Gostava de explicar cada traço que fazia e para os quais havia sempre uma justificação. A apresentação final das suas obras eram verdadeiras lições de arquitetura que ele dava com o maior prazer com o intuito de ensinar, de transmitir aos outros novas coisas, modernidade, novos conhecimentos”.

Na cerimónia, além da homenagem a Eduardo Read Teixeira, também foram distinguidos os Arquitetos Alberto Cruz Reaes Pinto, António Porfírio de Sousa Maia, José Manuel Castanheira, José Manuel dos Santos Gigante e Miguel Rocha, a Dra. Ana Isabel de Melo Ribeiro (historiadora), o Engenheiro civil Danilo Matos e a Fundação Bissaya Barreto (IPSS, Coimbra).

Nuno Costa, Presidente da Secção Regional dos Açores da Ordem dos Arquitectos, apresentou o trajeto de vida de Eduardo Read Teixeira e congratulou, na pessoa da sua filha Maria Madalena, o homenageado, tendo referido que “durante o séc. XIX, Eduardo Read Teixeira foi personalidade ímpar no contexto açoriano, deixando uma indiscutível marca identitária, arquitetónica e histórica, tendo contribuído indubitavelmente para uma mudança de paradigma na Região Autónoma dos Açores, com projetos de obras de arquitetura moderna, tais como a Casa Deodato Soares, na Avenida Gaspar Fructuoso, a antiga Escola Industrial e Comercial, ambas em Ponta Delgada, e a Igreja de S. José, na Ribeira Chã, Lagoa”.

EDUARDO READ TEIXEIRA (1914-1992)

Eduardo Read Henriques Teixeira nasceu em 1914 na cidade de Ponta Delgada e faleceu em lisboa, em 1992. Formou-se em arquitetura na Escola de Belas Artes de Lisboa e foi o primeiro açoriano a obter o Diploma de Arquitetura, em 1948. Descendente de uma família da nobreza local e de uma família inglesa – os Read, cresceu na Casa da Magnólia, na ilha de São Miguel, onde usufruiu do melhor que a ilha possuía e tinha para oferecer.

Durante a seu percurso profissional, além dos diversos cargos que desempenhou nos Ministérios das Obras Publicas, da Economia e da Saúde e Assistência, foi professor de arquitetura na ESBAL e integrou na Comissão das Construções Hospitalares, onde coordenou e projetou hospitais para todo o país, proferiu conferências e organizou a 1.ª Exposição Mundial de Arquitetura Hospitalar.

Como arquiteto independente, elaborou inúmeros projetos para Portugal Continental e para o Arquipélago dos Açores. No caso particular dos Açores, a sua obra divide-se em três fases:

- no início dos anos 40, surpreendentemente, elabora os projetos do Asilo para Raparigas em Ponta Delgada e da Casa Deodato Soares, que evidenciam o purismo, o racionalismo e o funcionalismo da arquitetura de Le Corbusier e da Bauhaus;

- a meados dos anos 40, em pleno Estado Novo, a sua obra aproxima-se do historicismo e tradicionalismo do estilo Nacionalista, principalmente nos projetos do Asilo-Escola Agrícola de Ponta Delgada, dos Postos Agrícolas e do Hospital da Misericórdia da Povoação. De igual modo, em vários Miradouros, mas com cariz mais romântico;

- e após o I Congresso Nacional de Arquitectura, em 1948, que ditou mudanças no paradigma da arquitetura oficial do Estado Novo, retoma e desenvolve os princípios do modernismo internacional, introduzindo um traço muito identitário evidente no tratamento da luz e na plasticidade que emprega, recorrendo, por vezes, à introdução de obras de arte (esculturas, pinturas e outras formas de expressão artística). Nesta fase, que dura até finais dos anos 60, destaca-se, sobretudo, a Escola Industrial e Comercial, em Ponta Delgada e a Igreja de S. José, na Ribeira Chã, Lagoa (esta Igreja está classificada como imóvel de interesse público).

Para concluir, podemos afirmar que Read Teixeira, sucessor do pioneiro do modernismo, Manuel António de Vasconcelos, constitui, a par de João Correia Rebelo, o mais fiel aos princípios modernistas, a 2.ª geração de arquitetos modernistas nos Açores.